Governo obriga a “privatização geringonçada” da CGD

22 mar 2017

Caixa negoceia com “hedge funds”, “fundos abutres”

Mais uma vez, António Costa não responde a perguntas dos deputados, sobretudo em relação à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Costa recusou explicar as razões que levam o banco público a subscrever um empréstimo no Luxemburgo (fuga aos impostos em praça financeira?), bem como o montante de juros anuais (10%?) a liquidar a “hedges funds”, os tais “fundos abutres” denunciados pelo BE, PCP e PS. Luís Montenegro, esta quarta-feira em debate quinzenal, relembrou que os social-democratas “há muito que têm instado o Governo a prestar esclarecimentos sobre a reestruturação e recapitalização da CGD”. Contudo, prevalece, por parte do Executivo e dos partidos que o suportam, “opacidade e falta de transparência”. “Nunca tivemos respostas”, reforçou o deputado.

Luís Montenegro perguntou a António Costa se “concorda com o presidente da CGD quando diz que não pode haver um balcão da Caixa em locais onde não há balcões de outros bancos? Qual é o critério que vai presidir a estes encerramentos e que orientações deu o Governo para proteger o serviço público da CGD?”.

O líder da bancada do PSD reforçou ainda que, se “a gestão da CGD é independente e funcional”, “as decisões estratégicas emanam do Governo”. Contudo, “o que não se pode é acusar os governos anteriores quando se trata de assumir as orientações estratégicas que deram e, quando se trata das suas, ignorar”.

Para Luís Montenegro, a emissão de obrigações da CGD (“uma questão importante deste plano apoiado” por socialistas, bloquistas e comunistas) dirige-se a investidores institucionais (aqueles que o PCP e o BE “habitualmente designam fundos abutres”) e “configura uma espécie de empréstimo permanente” à CGD. Segundo disse, “é uma recapitalização à esquerda, às esquerdas. Se fosse feita por nós, pelo PSD, levantavam-se todas as vozes a dizer que está em curso uma privatização encapotada”. Fez, assim, uma acusação, afirmando que “o que está em curso é uma privatização geringonçada, uma nova modalidade que PS, PCP e BE apoiam neste Parlamento”.

Luís Montenegro deixou questões ao primeiro-ministro. “É verdade que a praça escolhida para esta operação é o Luxemburgo?” Nesse caso, que critérios estão na base desta escolha, questionou ainda. Em segundo lugar, “está em condições de dizer qual é a taxa de juro?”. Não obteve respostas, contudo.