Rui Rio: "Estou preocupado em ajudar os agricultores portugueses"

08 jun 2018

“Estou na política para Portugal ganhar”, afirmou Rui Rio, durante uma visita à Feira Nacional de Agricultura, quinta-feira, em Santarém. O Presidente do PSD referia-se à necessidade de reforçar a posição negocial portuguesa para que o País veja aumentados os fundos comunitários a que vai ter direito até 2027.
Rui Rio destaca “qualidade e a quantidade da produção agrícola nacional” patentes no certame que decorre em Santarém até domingo, mostrando um setor que se tem afirmado “cada vez mais importante”.
O líder do PSD considera “preocupante” que os cortes nos fundos comunitários atinjam particularmente o segundo pilar da Política Agrícola Comum (PAC), que se destina ao investimento e ao desenvolvimento rural, obrigando a um “esforço adicional” nos orçamentos nacionais, que poderá não ser possível nos países “com mais dificuldades”.
Declarando esperar que nas negociações complementares que se vão seguir na União Europeia seja possível “melhorar francamente esta situação”, Rui Rio afirmou que o Governo “pode fazer mais”. “No fim, cá estaremos para fazer uma avaliação. Neste momento, o que impõe o interesse nacional é ajudarmos os representantes de Portugal, neste caso o Governo, a terem em Bruxelas a força necessária para Portugal ganhar. Não estou na política para Portugal perder, estou na política para Portugal ganhar e quero que os cortes nos fundos comunitários, designadamente na PAC, que é onde há os maiores cortes, sejam corrigidos”, declarou.
Rui Rio está consciente da importância de proteger o interesse nacional em Bruxelas, pelo que irá bater-se para que não se confirme o corte de 15% nos fundos para o desenvolvimento rural decorrente da saída do Reino Unido ('Brexit'). “O orçamento comunitário baixou e aquilo que Portugal e os países do sul procuraram foi que o orçamento comunitário subisse e os do norte não querem que suba”, disse, sublinhando que o PSD deu “todo o apoio ao Governo para ter uma posição forte na negociação em Bruxelas”, posição que vai manter nesta fase negocial.
“O que nos interessa é que Portugal tenha uma melhor situação. Não estou preocupado neste momento em atribuir responsabilidades, estou sim preocupado em ajudar os agricultores e em ajudar a economia portuguesa. E, nesse sentido, é preciso reforçar a posição negocial portuguesa para que possamos sair, no fim, com os fundos a que vamos ter direito até 2027 reforçados”, reiterou Rui Rio.
De acordo com a proposta de orçamento da PAC apresentada na sexta-feira passada em Bruxelas, a Comissão Europeia propôs uma verba de cerca de 7,6 mil milhões de euros no Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2021/2027, a preços correntes, abaixo dos 8,1 mil milhões do orçamento anterior.

“Governo não fez qualquer reforma” 
Rui Rio acusa o Governo de nada ter feito para melhorar o estado da economia. Para o líder do PSD, só existiu um bom ambiente económico por causa do que acontecia lá fora. “Nós tivemos algum crescimento económico, porque a situação internacional, quer global quer europeia era favorável. O Governo não fez nada que justificasse esse crescimento económico. O crescimento económico era por arrasto. No momento certo, em que deveríamos ter feito as reformas e os ajustamentos necessários, não fizemos nada. Ao não fazer nada, vamos crescer menos que a União Europeia”, alertou o Presidente social-democrata.
As declarações de Rui Rio são confirmadas pelo mais recente comunicado do organismo de estatísticas da Comissão Europeia. Segundo o Eurostat, Portugal está entre os países europeus que registaram o pior crescimento da economia no arranque deste ano. Em Portugal, entre janeiro e março, o PIB cresceu 2,1% em termos homólogos e 0,4% face ao trimestre anterior. Na zona euro, o PIB progrediu 2,5, entre janeiro e março, face ao mesmo período de 2017, abaixo do crescimento homólogo de 2,8% registado no quarto trimestre de 2017. Já na UE, o PIB cresceu 2,4% no primeiro trimestre em termos homólogos, abaixo dos 2,7% de crescimento homólogo registado entre outubro e dezembro de 2017.