Saúde: Mário Centeno “deve um pedido de desculpas ao País”

11 abr 2018

 

No dia em que o líder do PSD anunciou que a próxima semana será dedicada à Saúde, deputados lançaram um alerta para o impacto da (não) atuação do ministro das Finanças. Segundo refere Ricardo Baptista Leite, Centeno estará a “colocar o défice acima do SNS” e a encapotar a sua incapacidade de intervenção com grupos de trabalho

 

Rui Rio avançou, em declarações aos jornalistas em Santa Maria da Feira, que dedicará a próxima semana à área da Saúde. “O Governo tem a obrigação de reduzir o défice, mas ao mesmo tempo deve fazer a gestão da despesa pública de tal maneira benfeita que os serviços não sofram as consequências que estão a sofrer”. Também esta quarta-feira, mas em audição ao ministro das Finanças, o deputado Ricardo Baptista Leite assinalou que não se recorda, enquanto médico, “de um desgaste tão grande entre os profissionais, de uma degradação tão progressiva dos serviços”. Referindo-se, concretamente, às informações avançadas sobre o atendimento no Hospital de S. João, disse que Mário Centeno “deve um pedido de desculpas ao País”.

Numa audição em que diversos deputados do PSD alertaram para situações prementes que afetam os portugueses de norte a sul, Ricardo Baptista Leite reforçou que as decisões em Saúde estão a ser tomadas por Mário Centeno. Por isso, argumentou: “o Ministério da Saúde é uma mera direção-geral do Ministério das Finanças”. Assinalando que, apesar do crescimento registado no País, nunca se gastou “tão pouco nos últimos 20 anos”, denunciou: “as consequências desta discriminação negativa sentem-se na vida das pessoas”.

Ao lembrar declarações do ministro ao Financial Times, Ricardo Baptista Leite acusou-o de ter iniciado “uma agenda pessoal com objetivos muito claros mais em Bruxelas do que em Lisboa”. Segundo apontou, Portugal é “dos países que menos gasta em Saúde”, o que o levou a referir que o ministro das Finanças “prefere reduzir artificialmente o défice à conta dos portugueses”. E insistiu: “há aqui uma vontade de colocar o défice acima do SNS”.

De acordo com o deputado, a estratégia do Governo parece estar somente centrada na criação de grupos de trabalho. Acusou, assim, o Executivo de, no que diz respeito por exemplo à incapacidade demonstrada em controlar dívidas, ter criado “mais um grupo para colocar um penso rápido num sistema que precisa de cuidados intensivos”.

Manifestando a preocupação dos social-democratas perante o estado da Saúde, Ricardo Baptista Leite foi claro no desafio lançado a Mário Centeno. “O senhor tem de atuar”, disse para, logo, destacar: “temos de saber onde é que está a má gestão. É do primeiro-ministro? Deve-se demitir o Governo? É do ministro das Finanças e do ministro da Saúde? Vão-se demitir os dois em bloco? É dos presidentes dos conselhos de administração? É dos diretores de serviço?” Acabou, assim, por denunciar que “não há capacidade de intervenção e de ação do Governo”.