Incêndios: PSD quer pressionar o Governo para evitar a repetição das tragédias de 2017

23 mar 2018

 

O PSD vai, na próxima segunda-feira, para o terreno com o objetivo de apurar, com rigor, o que aconteceu nos incêndios de outubro. Rui Rio defende que não se trata de demagogia, mas de cumprir aquele que é o “principal papel da oposição”: pressionar o Executivo para que proteja as populações e evite tragédias como as registadas em 2017. Em declarações aos jornalistas, referiu ainda não ser admissível que o Governo permita que a SCML entre no Montepio Geral

 

Na próxima segunda-feira, eu próprio irei ao terreno, com o grupo parlamentar, com o líder parlamentar, com os deputados da 1.ª e 7ª comissões e os deputados do círculo eleitoral de Coimbra”, disse esta sexta-feira o Presidente do PSD. “Vamos falar com as associações de vítimas, com a Associação de Produtores Florestais e com os Bombeiros de Arganil”, explicou, acrescentando que esta iniciativa pretende averiguar “com rigor” o que se passou nos incêndios de Outubro. “Se [o PSD] estiver bem informado, melhor poder pressionar o Governo, no sentido de que Portugal não volte a ter semelhantes catástrofes”.

Rui Rio fez declarações, na sede do PSD no Porto, a propósito do relatório da Comissão Técnica Independente sobre os incêndios de 2017. Ao deixar bem claro que não quer fazer demagogia, nem tirar dividendos políticos de tragédias, destacou que “têm de ser apuradas as responsabilidades políticas”. “É este o principal papel da oposição que quer servir Portugal: pressionar o Governo, acima de tudo para que passe a fazer bem aquilo que não tem sido bem feito”.

Evitar que tragédias como as registadas em 2017 se voltem a repetir é um dos objetivos que move os social-democratas. Segundo anunciou o líder do PSD, serão chamados à Assembleia da República a Comissão Técnica Independente (CTI), o anterior responsável pela Proteção Civil, as associações de vítimas dos incêndios de outubro e, por fim, o próprio ministro da Administração Interna para que se pronunciem sobre o que aconteceu. O PSD pretende, assim, ouvir “de viva voz” aqueles que poderão contribuir para o apuramento de responsabilidades. Trata-se, de acordo com Rui Rio, da “forma mais séria” de o fazer e, desta forma, “pressionar o Governo no bom sentido”. “Se conseguirmos isto, mesmo não estando no governo, estamos a ser muito úteis a Portugal”.

 

Relatório da Comissão Técnica Independente é “grave

Rui Rio iniciou a sua intervenção dizendo existir, agora, a “serenidade necessária para poder avaliar as responsabilidades e tudo aquilo que se passou”. Definiu o relatório apresentado pela CTI como “grave”, na medida em que o Governo, apesar do ocorrido em Pedrógão Grande em junho, “não emendou as coisas de forma a que fosse possível evitar aquilo que foi a tragédia de outubro”. O Presidente do PSD lembrou também os avisos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e que, apesar dos mesmos, o Executivo “não decretou a calamidade pública preventiva”. “Não foram avisadas as populações que foram completamente deixadas ao abandono”, acrescentou, lembrando também que “não foram disponibilizados os meios necessários e solicitados” e que “as comunicações voltaram a falhar”.

Para o líder do PSD importa, agora, apurar as responsabilidades políticas para, depois, “pressionar o Governo no bom sentido, e tudo isto sem demagogia”. Apontou, ainda, que “para servirmos o País temos de nos saber comportar como governo e como oposição”. Neste sentido, o PSD como maior partido da aposição atua tendo em vista o interesse nacional.

 

Limpeza dos terrenos: Governo está a fazer uma “ação de marketing

Questionado sobre a ação do Governo preparada para este sábado, Rui Rio foi claro ao afirmar que a iniciativa “tem algum mérito”, na medida em que procura sensibilizar as pessoas para a limpeza dos terrenos e matas. Contudo, destaca: “não somos ingénuos, perante um relatório que o responsabiliza, o Governo faz uma ação de marketing” e, assim, “desvia as atenções”.

 

Montepio: “Uma instituição como a SCML não deve entrar em negócios com riscos

O Presidente do PSD disse, ainda, ser inadmissível que qualquer governo, seja de esquerda ou de direita, permita que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa entre no Montepio Geral. “Não contava que o Governo insistisse em apoiar a SCML em entrar para o capital do Montepio”, referiu. Lembrou tratar-se de uma instituição “muito antiga” “criada em 15 de agosto de 1498” para, como à data se dizia, “apoiar os pobres”. “Não é admissível”, disse, que se recorra a dinheiro de apoio aos mais carenciados, a fim de o “canalizar para uma instituição com atividade bancária comercial” e, mais concretamente, para “pagar as imparidades da banca”.

Rui Rio afirmou não perceber como é que “um governo apoiado pela esquerda das esquerdas pode estar de acordo numa coisa destas”, depois de ter lembrado “a crise bancária que Portugal e o mundo viveram” recentemente. Perguntou onde está o estudo que o Executivo anunciou estar a fazer para, logo depois, reforçar que o PSD apresentou na Assembleia da República um projeto de resolução “que visa recomendar ao Governo que proíba a SCML de entrar no capital”. O líder do PSD foi explícito ao defender que “uma instituição como a SCML não deve entrar em negócios com riscos”.