António Costa cede “a tudo” para “manter a geringonça no poder”

01 fev 2018

O País ficou, mais uma vez, a saber que tem um primeiro-ministro impreparado, que não consegue responder às questões que a oposição lhe coloca”, denunciou Hugo Soares, esta quinta-feira no debate quinzenal com António Costa. O líder parlamentar social-democrata desafiou-o a pronunciar-se sobre a votação do PS no que respeita à legislação laboral, assim como sobre o aumento da idade de reforma ou o impacte do investimento público no défice.

Hugo Soares acusou António Costa de não ter “frontalidade para assumir as consequências das suas políticas”, de se esconder atrás dos aplausos da bancada socialista e de ceder “a tudo com um propósito: manter a geringonça no poder, bem sabendo que isso está a prejudicar os interesses soberanos do País”.

 

“Primeira grande machadada na estabilidade da legislação laboral

O presidente do Grupo Parlamentar do PSD começou por saudar “os portugueses, as empresas e o Governo pelos números do desemprego”. “Não nos custa nada, ao contrário do que era a prática das oposições anteriores em tempos bem mais difíceis, reconhecer aquilo que de bom tem acontecido”, assinalou. “O primeiro-ministro sabe que o desemprego vem descendo desde fevereiro de 2013”, esclareceu, acrescentando que “isso tem que ver com o crescimento económico, com um novo ciclo económico, com as reformas estruturais na legislação laboral”.

Para o PSD, “a estabilidade da legislação laboral é fundamental”, para que haja “cada vez mais portugueses empregados”. Contudo, e segundo referiu Hugo Soares, “esta semana foi dada a primeira grande machadada na estabilidade da legislação laboral no que diz respeito quer à proteção dos trabalhadores, quer à captação de investimento estrangeiro”. Em causa está a votação do PS e as alterações introduzidas, esta quarta-feira, na legislação laboral. Perguntou, por isso, a António Costa se concorda com a referida votação.

Não tendo obtido uma resposta clara por parte do primeiro-ministro, o líder parlamentar alertou que não se trata de “uma questão pacífica”. “O que os senhores [PS, BE e PCP] fizeram foi condicionar quer a proteção dos trabalhadores, quer dar uma machadada na captação do investimento estrangeiro”, denunciou, criticando o facto de esta matéria não ter ido a discussão em concertação social.

 

Tudo aquilo que [António Costa] disser em campanha eleitoral vale zero

A propósito do prolongamento da idade da reforma, Hugo Soares recuperou declarações de António Costa quando, em campanha eleitoral [agosto de 2015], se referiu ao mesmo como uma “situação absurda”. “Governa há dois anos, acabou de publicar uma portaria que aumenta a idade da reforma”, disse o líder parlamentar para, logo, perguntar: “cultiva o absurdo?”. Não tendo conseguido obter uma resposta por parte do primeiro-ministro, acusou-o de “fugir” e de “desconversar”. “O País sabe, hoje, que tudo aquilo que disser em campanha eleitoral vale zero”, concluiu.  

 

Investimento público: “O que é que tinha previsto fazer que não fez?

Depois de ter lembrado que em dois anos este Executivo investiu menos do que o governo anterior em 2015, Hugo Soares questionou António Costa: “em 2017, ficou aquém 850 milhões de euros do que se tinha previsto gastar em investimento público. Quanto seria o défice se os tivesse gasto? Onde é que não gastou? O que é que tinha previsto fazer que não fez?”.