Educação: “Os diretores das escolas não estão a mentir”

17 jan 2018

O PSD denunciou no Parlamento o “discurso romanceado” de um Governo que esconde as dificuldades com que as escolas se debatem, como a “asfixia financeira” e material danificado. Com a falta de modernização, as escolas estão transformadas em depósitos de lixo informático

 

O PSD sabe que os diretores não estão a mentir e que, de facto, o garrote sobre as escolas, ao contrário do que seria de esperar, foi agravado nos últimos dois anos”, denunciou o deputado Pedro Alves, esta quarta-feira no Parlamento, após assinalar que “as recentes notícias sobre as dificuldades financeiras das escolas públicas foram pronta e publicamente rejeitadas e desmentidas pelo ministro da Educação”.

De acordo com o parlamentar, os diretores das escolas têm alertado para a “austeridade encapotada” e, concretamente, para a inexistência de verbas para renovar o material informático. “O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares afirmou que há escolas com salas cheias de material informático ultrapassado e danificado, porque o orçamento é cada vez mais estreito e, em 2018, sê-lo-á certamente cada vez mais”, explicou.

É legítimo assumir que, neste momento, as escolas estão a transformar-se numa espécie de centro de recolha de resíduos eléctricos e electrónicos dada a acumulação de material informático obsoleto”, acrescentou. “De facto, a modernização tecnológica é uma prioridade e tem estado centrada na melhoria da eficácia e eficiência dos serviços, no âmbito da modernização administrativa iniciada pelo anterior governo e que teve o seu reflexo num conjunto de medidas a serem progressivamente implementadas”, lembrou o deputado.

Pedro Alves acusou, assim, Tiago Brandão Rodrigues de apresentar na Assembleia da República (AR) “um discurso romanceado”, já que “na verdade não haverá qualquer tipo de investimento em material informático nas escolas”.

 

Os problemas são verdadeiros

Por sua vez, Álvaro Batista levou ao Parlamento a “asfixia financeira a que este Governo está a submeter” o Agrupamento de Escolas Afonso Paiva, em Castelo Branco. “Com o anterior governo, este agrupamento teve, em 2015, mais dinheiro do que aquele que o governo das esquerdas lhe tem vindo a dar”, assinalou. “Se o ministro e as esquerdas adoram tanto a escola pública, porque é que lhe andam a tirar o ar?”, perguntou.

O social-democrata referiu-se também aos cursos profissionais “que não estão a ser pagos pelo orçamento, mas com fundos europeus”. Denunciou que “o problema é que estão a gastar mais de 90% das verbas e ainda faltam três anos para o Portugal 2020 acabar”. Alertou, assim, para o facto de “se este Governo não resolver o problema, não será possível a abertura de turmas para o triénio 2018-2021”.  Desafiou, por conseguinte, Tiago Brandão Rodrigues a mostrar “que é um ministro de verdade”, uma vez que “os problemas são verdadeiros”.

 

PSD exige ao Governo “faça reformas no presente e dê condições

Duarte Marques acusou o ministro da Educação de se dedicar “apenas a fazer oposição ao governo anterior”. “Só fala do passado, fala muito bem de intenções para o futuro e tenta entreter-nos com retórica”, disse.

Exigimos que faça reformas no presente e dê condições às escolas, professores e famílias de ter uma educação de qualidade”, destacou o social-democrata. “Apesar do fim da austeridade, as escolas têm hoje menos recursos financeiros para a sua melhoria e para assegurar o serviço nacional de educação”, referiu.

Apontando as incoerências do atual executivo, Duarte Marques afirmou: “o ministro anuncia que vai contratar, mas não contrata, promete aos professores que vai fazer progressões na carreira e afinal não faz, diz que vai oferecer manuais gratuitos, mas depois não paga”. As suas críticas abrangeram também o ensino profissional, já que “os alunos receberam zero euros e a culpa não é de Bruxelas, mas deste Governo”. Para o social-democrata, é um “erro monumental” ter proibido alunos com mais de 18 anos de participarem no Desporto Escolar. “Isso não faz sentido”, concluiu.

 

Governo faz política com a Educação

Este Governo faz política com a Educação”, acusou Amadeu Albergaria. “Este debate mostrou que à cegueira das reversões sobre o argumento do ‘porque sim’, seguiu-se agora a cegueira em relação à realidade”, disse.

De acordo com o vice-presidente da bancada parlamentar, “os alunos não são a prioridade para este ministro”, pois “se o fossem não faltariam funcionários nas escolas, não aconteceria o escandaloso caso de um aluno que ficou sem aulas durante todo um período por ausência e resposta, as escolas não seriam obrigadas a cortar”.

Ser prioridade não é encapotar, encobrir, disfarçar, fazer ações de propaganda ou incitar ao facilitismo para que surjam estatísticas simpáticas”, assinalou. “Não é com atalhos, facilitismos que desenvolveremos competências, mas com seriedade e rigor”, alertou.