Maria Luís Albuquerque: “Queremos um Novo Ano em que o Estado não falhe aos cidadãos”

04 jan 2018

Criticando uma maioria que insiste em viver da conjuntura que herdou do governo anterior e não prepara o futuro do País, a vice-presidente do PSD deixou explícito que os social-democratas querem que, em 2018, o “Estado não falhe aos cidadãos”, mas lhes assegure serviços de qualidade. Tomando como exemplo o caso da Autoeuropa, alertou para a necessidade de apostar no investimento privado. Garantiu, ainda, que o PSD é “um partido responsável”, pelo que “não assumirá o ónus das escolhas que não são suas

 

Queremos um Novo Ano em que o Estado não falhe aos cidadãos na proteção do valor supremo da vida humana, em que os alunos tenham comida em condições nas cantinas das escolas e em que o aquecimento possa ser ligado, em que os doentes não tenham de esperar horas sem fim nas urgências porque o Governo recusou a contratação de médicos e enfermeiros em número suficiente, em que os impostos que pagamos sirvam, de facto, para que o Estado nos preste serviços de qualidade e assegure a solidariedade a quem precisa”, disse esta quinta-feira Maria Luís Albuquerque em declarações políticas, na Assembleia da República.

A vice-presidente do PSD alertou para a necessidade de a maioria que governa o País respeitar “o Parlamento e os Portugueses e não impeça o apuramento da verdade, como no triste caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD)”. Alertou para a necessidade de se preparar o futuro, a fim de que Portugal “não viva eternamente embalado pela conjuntura”. “Sabemos que os fatores que têm assegurado as melhorias económicas não durarão para sempre: os efeitos das reformas estruturais levadas a cabo na anterior legislatura esgotar-se-ão se estas não forem aprofundadas. O apoio do BCE, que assegura que o custo da nossa dívida se mantém comportável e que tem estimulado o crescimento económico nos países nossos parceiros comerciais, aproxima-se do fim. O turismo continuará a ser um setor em fortalecimento, mas não queremos ser um país só de hotéis e restaurantes e de novos empregos com salário mínimo”, explicou.

Importa, segundo Maria Luís Albuquerque, “apostar no investimento privado, nos setores transacionáveis, na atração de recursos humanos qualificados, sejam eles portugueses ou estrangeiros”. A social-democrata disse, contudo, não acreditar que “o comportamento da maioria que suporta o governo do País conduza a esse resultado” e falou da Autoeuropa como um exemplo “suficientemente ilustrativo” do desânimo que investidores estão a encontrar em Portugal.

Ao lembrar que “a fábrica do grupo Volkswagen mudou a face do distrito de Setúbal, aumentou as exportações e deu origem a um cluster de empresas inovadoras”, a deputada referiu-se ao “crescendo da conflitualidade laboral” a que se tem assistido. “Naturalmente não questionamos o direito dos trabalhadores de negociarem as condições de trabalho, mas só a interferência politizada dos sindicatos afetos à CGTP pode explicar porque pela primeira vez em tantos anos não foi possível chegar a acordo sem que tenha havido greves”, afirmou.

A decisão da Volkswagen, de produzir em Portugal o seu novo modelo, foi o resultado de um intenso esforço de negociação do anterior governo e um sucesso da nossa diplomacia, mas como argumento determinante foi sempre realçado o clima de paz social e a correspondente elevada produtividade e qualidade dos trabalhadores”, explicou. “Esperemos não receber a amarga notícia de que fomos preteridos”, salientou. “Se tal acontecer não deixaremos de lembrar a quem cabe a responsabilidade: à ação de uns e à cumplicidade de outros, todos desta maioria das esquerdas que reclama para si os méritos do que corre bem e empurra para outros a responsabilidade do que corre mal”, acrescentou.

Maria Luís Albuquerque recordou, ainda, os “desafios imensos” que o País enfrenta. “A evolução demográfica é quase trágica, mas acaba-se com o quociente familiar que dava algum incentivo às famílias com filhos. A consolidação das contas públicas é frágil, mas as decisões desta maioria aumentam despesa permanente e rígida para o futuro”, criticou.

A vice-presidente do PSD referiu que “quando mais uma vez for preciso tomar decisões difíceis, impopulares, caberá a esta maioria explicar aos portugueses porque desperdiçou todas as oportunidades para nos preparar para o futuro”. Criticou uma maioria que insiste em atribuir culpas ao governo PSD/CDS-PP e a desculpar-se com a “conjuntura”, “mercados” ou “fenómenos”.

Portugal exige um governo e uma maioria que assumam as suas responsabilidades por inteiro”, garantiu, assinalando que “o PSD sempre foi e sempre será um partido responsável, mas não assumirá o ónus das escolhas que não são suas, ou das consequências para as quais alertou”.