“O Estado falhou, nestes dois anos, naquilo que não podia falhar”

24 nov 2017

 

Hugo Soares, presidente do Grupo Parlamentar do PSD, faz o balanço de dois anos de mandato do governo socialista, sublinhando que está demonstrado que o foco deste executivo não é Portugal, nem os portugueses, é antes a manutenção no poder.

Em entrevista à Lusa, Hugo Soares afirma que esta solução de governo tem "custos fortíssimos" para o País, "sobretudo nas funções essenciais do Estado".

Episódios como o de Tancos, as tragédias dos incêndios e o surto de legionella são a prova de que “o Estado falhou, nestes dois anos, aos cidadãos naquilo que não podia falhar” e de que “as opções do Governo descuram o país".

Em dois anos marcados por uma “lógica demagógica de agradar a tudo e a todos” o Governo tenta alimentar “a ilusão de que o País está melhor". Mas a realidade ultrapassa a ilusão e este exercício do OE2018 demonstra bem a incoerência da política pública que resulta de “uma construção de lego aleatória, em que cada partido tão diferente entre si vai colocando as suas peças".

Hugo Soares destaca a forma como os parceiros do Governo impedem uma visão de futuro e comprometem qualquer reforma estrutural. "O Governo não pode fazer reformas estruturais que entende que eram necessárias, porque o PCP e o BE não deixam, em questões atuais, como a política europeia de defesa comum. Há partidos que suportam a maioria que são contra aquilo que são opções estratégicas para o futuro da construção europeia".

Podemos dar as voltas que quisermos, mas esta é uma solução que enganou os portugueses. Ninguém disse aos portugueses na campanha eleitoral em 2015 que, se o doutor António Costa perdesse as eleições, como perdeu, formaria Governo com os outros partidos", afirmou. Mas, constituído este arranjo, a obrigação do Executivo é “chegar até ao final da legislatura”, independentemente dos custos que a gerigonça tem para os partidos que a integram. “Parece-me evidente que quer o PCP, quer o BE foram esmagados nas urnas pelo PS nas últimas eleições autárquicas”, afirma o líder parlamentar do PSD.

O problema, para o PSD, não são as consequências para o BE e o PCP que, claramente, perderam base eleitoral. O que é preocupante é que a estabilidade de um governo que não cai não traduz, necessariamente, um “governo bom para o País". Neste caso concreto, traduz exatamente o oposto.