Pedrógão Grande: “Houve uma dose massiva de incompetência”

12 out 2017

 

O PSD reitera, depois de ter sido conhecido o relatório da Comissão Técnica Independente, que o “Estado falhou”. Carlos Abreu Amorim denunciou que o PS está realizar um “boicote parlamentar” que fará com que as indemnizações às vítimas demorem “anos e anos

 

Houve uma dose massiva de incompetência por parte daqueles a quem competia liderar o combate e a prevenção dos incêndios florestais, acusou esta quinta-feira Carlos Abreu Amorim, em conferência de imprensa no Parlamento, depois de ter sido conhecido o relatório da Comissão Técnica Independente sobre a tragédia que, em junho, afetou a região de Pedrógão Grande.

A Autoridade Nacional para a Proteção Civil e as entidades políticas que estão no Ministério da Administração Interna, a quem competia coordenar todo o esforço de combate aos incêndios, falharam de forma clamorosa e inegável”, reforçou o deputado do PSD. “O Estado falhou e, a partir do momento em que isso está tecnicamente provado, deve assumir as suas responsabilidades”, acrescentou, esclarecendo ser fundamental “que o primeiro-ministro tenha consciência de que não é possível continuar a esconder a verdade, porque agora está contida neste relatório”.

A ministra falhou, o sistema de prevenção falhou, o sistema de combate falhou e continuou a falhar depois da tragédia de Pedrógão e mesmo depois de ter sido encerrada, se calhar prematuramente, a Fase Charlie”, afirmou o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. “É absolutamente impossível que o poder político fique aleado destas conclusões”, argumentou.

 

Alerta precoce não existiu”, mas poderia ter “atenuado” a tragédia

Segundo Carlos Abreu Amorim, o relatório aponta “falhas no comando da Proteção Civil”. “As consequências, que são extremamente nefastas, poderiam ter sido muito menores com outra atuação por parte das autoridades”, alertou, assinalando que o “alerta precoce não existiu” e é “apontado como um dos elementos-chave que poderia ter evitado ou atenuado grande parte daquilo que se veio a consubstanciar na tragédia que veio a acontecer”.

O deputado social-democrata informou que o relatório “é muito profícuo nas recomendações”, às quais o “PSD está muito atento”. Considerou, contudo, que faltou a indicação para “criação, em Portugal , de uma unidade de combate às catástrofes”, pelo que o partido entende que se deve fazer “uma profunda reflexão” sobre a mesma.

"O PSD não pede a demissão da ministra da Administração Interna, porque o PSD não pede a demissão de nenhum membro do Governo", esclareceu ainda.

 

Indemnizações: PS fez “boicote parlamentar

Sobre o pagamento imediato de indemnizações às vítimas, o deputado do PSD denunciou que existe um “boicote parlamentar” protagonizado pelo PS que, em Comissão de Agricultura, procedeu à apresentação de iniciativas que “esvaziam” o diploma que, já aprovado, previa a criação do mecanismo extrajudicial para pagamento das indemnizações. Acusou, assim, PS e “partidos de extrema-esquerda” de contribuírem para que as vítimas dos incêndios tenham de esperar “anos e anos” até serem indemnizadas.

Hugo Soares, após a reunião do Grupo Parlamentar do PSD, sublinhava que “esta comissão técnica funcionou com total independência e, por isso, o resultado deve ser por todos valorizado”. Apontou o facto de, “talvez pela primeira vez”, não se ter assistido a “nenhuma fuga de informação” quanto ao relatório divulgado esta tarde.

 

 

PSD solicita debate sobre relatório para sexta-feira


O PSD solicitou ao presidente da Assembleia da República a marcação de um debate de atualidade para sexta-feira, com o objetivo de discutir os resultados do relatório da Comissão Técnica Independente sobre os incêndios.