Governo “não está a acrescentar valor”

26 set 2017

 

Se fosse governo, o PSD estaria hoje a executar as reformas necessárias para assegurar um futuro melhor, assim como fez no passado recente, garantindo os bons resultados que a economia e o emprego estão a registar. Em entrevista à SIC, Pedro Passos Coelho criticou o Governo por não estar “a acrescentar valor” e a proceder a violentos cortes no investimento público, recordando a redução de 30% na Saúde ou 40% em investigação e ciência.

Como primeiro-ministro, “estaria preocupado com o futuro e não só com o presente”, afirmou o Presidente do PSD. “Estaria a executar um conjunto de reformas importantes que nos permitiriam, daqui a uns anos, colher os frutos, como estamos a colher hoje graças às reformas que fizemos no passado”, detalhou. E “mesmo com menos dinheiro”, nos anos do ajustamento financeiro, “o PSD nunca deixou de fazer os investimentos cruciais para o País”.

Para Pedro Passos Coelho, como chefe do governo, seria fundamental assegurar “um equilíbrio maior entre a reposição de rendimentos e a necessidade de investir em políticas públicas”, o que atualmente é inexistente. Na verdade, “em 2016, o Governo do PS apoiado pela extrema-esquerda gastou em Educação – falo do investimento público – quase 66% menos do que nós em 2015, quase menos 30% em Saúde, quase menos 40% em Investigação e Ciência”. “Portanto, houve um corte muito significativo na despesa de investimento em áreas públicas muito importantes”, criticou o líder social-democrata. O Governo de António Costa “não está a acrescentar valor”, falhando no dever de preparar o futuro e limitando-se a fazer a gestão diária da governação.

 

PSD investiu mais numa conjuntura menos favorável

É importante que Portugal possa atingir, este ano, as metas orçamentais a que se propôs, apontou Pedro Passos Coelho sobre o défice de 1,5% do PIB. Mas “sem necessitar de lançar mão de grandes medidas extraordinárias”, sublinhou o Presidente do PSD. É que será essa talvez “a grande diferença para o que se passou há cerca de um ano” quando “a receita fiscal estava muito longe do que estava estimado e o Governo percebeu que precisa de arranjar um plano B” ao mesmo tempo que mantinha “uma execução apertadíssima da despesa de investimento”. Este ano “o padrão é o mesmo”, isto é, “investimento público a bater mínimos” históricos, acrescentou.

O cumprimento das metas orçamentais contribui para “a credibilidade externa do País”, sendo importante que aconteça. Uma credibilidade conquistada pela redução do défice dos seus mais de 11%, em 2011, para perto de 3%, em 2015. Foi esta a herança do governo de Pedro Passos Coelho.

 

Conselho Nacional reúne após autárquicas conforme calendário habitual

As eleições autárquicas “são eminentemente locais”, considerou o Presidente do PSD, questionado sobre a leitura nacional da próxima votação.

Se me está a perguntar se a minha liderança está em causa, para mim não está. As eleições autárquicas, apesar das suas leituras nacionais, não são eleições de âmbito nacional e não se testa a liderança do PSD.” Sublinhando que todas as lideranças deverão fazer uma leitura dos resultados das autárquicas, Pedro Passos Coelho lembrou que o PSD está a trabalhar para “ser o partido com mais presidentes de câmara e de juntas”. “Espero que o PSD possa ter um bom resultado, que possa atingir as suas metas”, rematou.

Como habitual, relembrou o líder social-democrata, o PSD irá reunir os seus conselheiros nacionais após as eleições autárquicas para fazer a avaliação dos resultados. Sem “nenhuma pressa” e fazendo “rigorosamente o que se fez sempre” de acordo com o “calendário simples” do Partido. De seguida, o Conselho Nacional irá reunir uma segunda vez “para avaliar a proposta de Orçamento do Estado” e para marcar eleições internas, que não têm ainda data fechada, explicou Pedro Passos Coelho.

 

       

 

“O PSD tem uma perspetiva de futuro séria para o País”

“O PSD tem uma perspetiva de futuro séria para o País”, referiu Pedro Passos Coelho em entrevista à Rádio Renascença. “Provámos que sabemos lidar com os momentos difíceis, mas também saberemos lidar com as oportunidades e colocar o País num ritmo de crescimento e justiça muito mais rápido do que aquele que este Governo tem consentido”, salientou, depois de ter afirmado que o projeto social-democrata é “coerente” e “estruturado”.


Referindo-se às eleições legislativas, o líder social-democrata afirmou que quando as pessoas votaram mais em si “do que em António Costa para gerir o governo”, sabiam que o PSD tinha “um projeto importante para o País”. Por isso, “Governo e a gerigonça esforçam-se muito por reposicionar aquilo que é o PSD e o discurso e a herança que deixou no País”, acusou, dando como exemplo as constantes afirmações de que “só agora é que o País está a crescer (como se não tivesse crescido connosco), que só agora é que se cria emprego (como se não tivéssemos criado)”. 


Para Pedro Passos Coelho, o resultado da atual governação é claro: “o País perdeu tempo”. “Em vez de ter aproveitado as oportunidades para crescer mais cedo, atrair investimento mais cedo, conseguir que a dívida do País saísse do lixo mais cedo. Em vez de acelerar esses processos, nós ficámos a perder tempo e num leilão orçamental que ainda decorre, dois anos depois, para ver quem é que dá mais coisas positivas aos portugueses, disfarçando o mais possível o custo que os portugueses têm de suportar por esse leilão”, sustentou. 

 

António Costa tem, no governo, “a vida que escolheu”

Segundo disse, António Costa tem, no governo, “a vida que escolheu”, “uma vida dependente do apoio do BE e do PCP”). Neste sentido, Pedro Passos Coelho destacou que António Costa não terá “moralmente, do ponto de vista político, nenhuma autoridade para se lamentar das dificuldades de depender do BE e do PCP porque depende daquilo que escolheu”.

 

Tancos: questões sérias que "o Governo não tem levado a sério"

Sobre Tancos, o Presidente do PSD acusou o atual Executivo de ter liderado “esta matéria mal desde o início”. Defendeu que com o furto de armas que “se percebeu que não há sentido de Estado nem na maneira como o Governo se tem pronunciado, nem como o ministro tem conduzido este processo ou mesmo como o primeiro-ministro tem respondido politicamente perante o País”. Considera que “o que aconteceu é grave”, mas o País continua a assistir a um permanente “desconversar” e “sacudir das mãos”. “Estas são questões sérias que o Governo não tem levado a sério”, insistiu.

 

“Não vejo que as autárquicas marquem o fim de um ciclo”

Questionado sobre se as eleições autárquicas serão uma viragem de ciclo, Pedro Passos Coelho afirmou que “em muitos municípios pode vir a ser uma viragem, noutros pode ser um momento de continuidade”. “Do ponto de vista nacional, não vejo que as autárquicas marquem o fim de um ciclo e começo de outro”, assinalou, argumentando que se está “a meio da legislatura”. “Há alguma razão especial para se esperar que o Governo, nos próximos dois anos, seja muito diferente do que foi nos dois anos que agora se concluem?”, questionou, para depois se referir à atual “retórica e prática política que passou por reverter algumas medidas de natureza estrutural, acelerar outras medidas de restituição de rendimentos e de remoção de medidas de austeridade”, mas que “não acrescentou nada para futuro”.

 

Os próximos dois anos serão de ação política reformadora?

O líder social-democrata contrariou os argumentos apresentados pelo Executivo, dizendo que a economia cresceu “porque o Turismo teve uma importância muito grande e as exportações mantiveram, com a procura externa, um ritmo muito forte”. Denunciou que “o Governo teve de mudar de política orçamental, para não falhar as suas metas”. E perguntou: “o Governo vai manter a retórica de que está a fazer tudo diferente para contrastar com o governo anterior e dar às pessoas a ideia de que fez um milagre económico que não realizou? Ou vai querer finalmente colocar o País perante uma ação política reformadora que nos prepare o futuro?”. Segundo argumentou, os próximos dois anos dependem de quem governa e “não das eleições autárquicas”.