Autoeuropa: como Governo e esquerda desprezam a economia

07 set 2017

Partido Comunista (PCP) e Bloco de Esquerda (BE) adotam um suave discurso de autoelogio ‘pelas conquistas’ que impõem ao Partido Socialista (PS)”, afirmou Teresa Leal Coelho esta quinta-feira, em declaração política no Parlamento, na qual criticou a atual solução governativa. “O problema é que não estão a impor o que referem como conquistas apenas ao PS, estão a impor as ‘ditas conquistas’ aos portugueses que serão quem irá pagar o preço da obsessão ideológica da esquerda radical, legitimada pelo PS”, alertou.

Recordou a greve “inédita” de 30 de agosto na Autoeuropa que denuncia a “tentativa de destruição de uma parcela da economia portuguesa”, uma situação que causa “embaraço” ao PS. “Esta é uma greve com significado político. O combate à iniciativa privada e ao modelo económico em que nos integramos é uma obsessão dos partidos de esquerda. Para chegar ao poder, PCP e BE vão simulando uma tolerância ideológica que não têm”, afirmou Teresa Leal Coelho. “E depois, vale tudo. Vale destruir a economia, com danos colaterais e retrocessos. Vale destruir um investimento estrangeiro, vale destruir a duplicação das exportações pela Autoeuropa”, afirmou a social-democrata.

A deputada reiterou que “30 de agosto foi um dia mau. Mau para a Volkswagen, para os trabalhadores, para a economia portuguesa. Foi um dia em que se deu um péssimo sinal aos investidores. Mau para todos, numa altura em que havia razões para celebrar. O facto de a marca alemã ter apostado na fábrica portuguesa para a produção de um novo carro só devia ser entendido como uma excelente notícia: com a produção de mais de 200 mil veículos por ano, a fábrica portuguesa duplica a produção, as exportações portuguesas aumentam e criam-se cerca dois mil novos postos de trabalho”.

Teresa Leal Coelho mencionou o contributo do governo liderado pelo PSD que, em 2011 e 2012, “negociou um investimento pela VW de cerca de 800 milhões de euros que vai duplicar as exportações da Autoeuropa e irá criar cerca de 2000 empregos diretos e indiretos na região de Setúbal”.

Em 26 anos de existência da Autoeuropa registaram-se alguns períodos economicamente conturbados que, contudo, não puseram “em causa a paz social e o entendimento entre os trabalhadores e a administração”, disse.

Pelo contrário, o PS prefere alimentar a instabilidade social na empresa que, no “pior cenário”, afirmou a deputada do PSD, “pode levar ao encerramento a prazo da fábrica e ao regresso do elevado desemprego no distrito de Setúbal”, salientou. “Riscos pequenos para uma esquerda que tem em jogo a sobrevivência e a luta pelo poder”, considerou.

 “Que palavras tem o primeiro-ministro perante o risco de deslocalização de produção do novo carro da Volkswagen para outro país?”, perguntou a deputada.

Teresa Leal Coelho lamenta que o chefe do Governo se limite a afirmar que “a Autoeuropa é muito importante para o País”. “Quando questionado sobre o que o Governo pensa fazer para ajudar a encontrar a paz laboral, António Costa diz que não cabe ao governo interferir no processo negocial que decorre na empresa. Afinal, a empresa é privada e a negociação é interna. Mas também não é a Altice privada? E sobre a Altice, António Costa não se coibiu de opinar”, acrescentou ainda.

 

Um dia de greve pode causar até 5 milhões de euros em prejuízos

Segundo alertou Teresa Leal Coelho, “um dia de greve na Autoeuropa traduz-se, necessariamente, em prejuízo financeiro para a empresa que pode chegar aos 5 milhões de euros e em impacto negativo nas exportações nacionais, o principal motor de crescimento económico”. Referiu-se, ainda, ao “prejuízo reputacional de uma empresa que tem sido considerada exemplar entre as unidades produtivas do grupo e onde sempre houve paz laboral”.

A social-democrata lembrou que a produção em Palmela começou em 1995, “criando centenas de postos de trabalho”. “Em abril de 2010 surgia, pela primeira vez, a hipótese desta fábrica de produção da Volkswagen sair de Portugal, na sequência de sucessivas quebras de procura, porque estava a produzir abaixo da sua capacidade”, recordou. Dois anos mais tarde, “em plena crise económica e, quando Portugal vivia um programa de resgate, voltou a registar-se uma nova quebra de produção que forçou a novas negociações entre trabalhadores e administração. Houve sempre a preocupação de tentar evitar despedimentos e, em 2013, apesar de a produção ter descido, a empresa aumentou salários e deu bónus aos trabalhadores a título compensatório da perda de poder de compra determinada pela conjuntura económica e financeira do País”, explicou.