Universidade de Verão: Costa devia perceber que democracia é aceitar opiniões diferentes

04 set 2017

A Universidade de Verão (UV) é “uma escola de liberdade inscrita no seu código genético. E, desde logo, da liberdade de expressão”, afirma o diretor da iniciativa Carlos Coelho, depois de António Costa a ter classificado de " escola de maledicência".

Carlos Coelho recordou, esta segunda-feira, que dezenas de personalidades destacadas da vida política, económica, social e cultural portuguesa têm passado, ao longo dos últimos 15 anos, pela Universidade de Verão e fizeram-no em total liberdade. Entre essas figuras, encontram-se prestigiados militantes socialistas, tais como Mário Soares, Jaime Gama, António Vitorino, Guilherme d'Oliveira Martins, Correia de Campos, João Proença, Luis Amado, Joel Hasse Ferreira e, na edição de 2017, Sérgio Sousa Pinto.

O diretor da UV lembrou que “democracia é também aceitar opiniões diferentes. Informou que “os alunos da Universidade de Verão sabem-no bem e o primeiro-ministro devia percebê-lo antes de cair no insulto e na desconsideração. Considerou, portanto, que “não é bom para o chefe do Governo cristalizar-se a ideia que recorre sistematicamente ao insulto sempre que não tem resposta ou quando a realidade o desmente”.

Também o deputado Duarte Marques considera “lamentável” que, “quando encurralado na sua mentira e sem argumentos, o primeiro-ministro e o porta-voz do PS fujam sempre para o insulto, para a mentira ou para a calúnia”. “Será que para António Costa, personalidades como Mário Soares, Jaime Gama, Sérgio Sousa Pinto, António Vitorino ou Luís Amado ou até Marcelo Rebelo de Sousa, são professores de "maledicência?", interrogou o deputado. Acrescentou, ainda: “tiques não da ‘Escola de Castelo de Vide’, mas provavelmente da ‘Escola Socrática que não a grega’”.

 

15.ª edição abordou os principais desafios do futuro

Carlos Coelho fez um balanço encorajador da 15.ª edição, destacando “a qualidade das participações, tanto dos professores convidados, como do grupo de alunos”. Explicou que “não só discutimos os temas de maior atualidade, como tivemos as melhores pessoas para os discutir. Conseguir juntar um antigo Presidente da República, o Comissário Europeu português e académicos de primeira linha como Miguel Poiares Maduro ou Maria Manuel Mota foi um privilégio para os nossos alunos que, na verdade, protagonizaram momentos de debate com uma grande elevação. Saio de Castelo de Vide com confiança redobrada nesta geração de jovens que, pude testemunhar, está absolutamente comprometida com as grandes causas nacionais”.

Para o diretor da Universidade de Verão, “é natural que as intervenções de personalidades com a dimensão política de muitos dos nossos convidados sejam divulgadas e comentadas”. “Creio que a mediatização de muitas dessas declarações acaba por atestar a relevância da Universidade de Verão, como a maior e melhor ação de formação política realizada em Portugal. Estou convencido de que a força deste nosso projeto, que já leva 15 anos, está na liberdade: dos nossos convidados e dos nossos alunos. Todos os anos formamos 100 pessoas que, espero, saem de Castelo de Vide convictos de que podem mudar o rumo do País, pensando e agindo livremente”, enalteceu Carlos Coelho.

Desde 2003 que se realiza, em Castelo de Vide, a Universidade de Verão, uma iniciativa promovida conjuntamente pelo PSD, JSD, Instituto Francisco Sá Carneiro e PPE. Na edição deste ano, os incêndios florestais, o papel da Ciência no quotidiano e a competitividade da economia portuguesa foram abordados nas aulas, contando com intervenções de académicos, políticos e personalidades de reconhecido mérito profissional e técnico. O encerramento esteve a cargo de Pedro Passos Coelho, Presidente do Partido Social Democrata.