Paulo Rangel: Governo cria ilusão de mais rendimento e corta nos serviços essenciais

01 set 2017

 

Vivem-se tempos de “ilusão salarial”, denunciou o eurodeputado Paulo Rangel. O Governo repõe rendimentos, mas corta em serviços essenciais à população: Educação, Saúde ou Segurança. É o PSD que tem a “verdadeira matriz social” pois, em anos de recuperação, soube garantir que os serviços não falhavam aos portugueses

 

Não há milagres”, disse esta sexta-feira o eurodeputado Paulo Rangel na Universidade de Verão, referindo-se ao cumprimento das metas orçamentais europeias por Portugal. “Na dívida pública as coisas continuam a descambar misteriosamente”, denunciou, acrescentando ser importante averiguar “se há aqui alguma inconsistência grave”.

Com o painel “Portugal e o futuro da Europa” a seu cargo, Paulo Rangel manifestou-se preocupado com o facto de o atual Executivo ter acelerado a devolução de rendimentos “aos pensionistas e a função pública para os níveis anteriores ao resgate, quando a ideia seria fazer uma coisa até 2019”. Nas suas palavras, conseguir aumentar a despesa e reduzir o défice, ao mesmo tempo, significa que o Governo “está a fazer cortes radicais em algum lado”.

O eurodeputado confessou que as notícias vindas a público esta semana, a darem conta por exemplo do aumento dos atrasos nas cirurgias, não o surpreenderam. “A prestação hoje é francamente pior”, justificou. “Isto quer dizer que nos anos da Troika (que foram anos dificílimos em que se estava a recuperar o País) os serviços essenciais foram mantidos”, recordou para logo tecer uma crítica: “mas agora, em anos em que há maior folga, apenas para criar a ilusão de mais rendimento, corta-se nos serviços essenciais”. Deixou, portanto, claro que “a prestação na Educação e no SNS é pior agora do que era em 2013”. Segundo considerou, “isto é inaceitável”.

 

Executivo “dá com uma mão e tira com outra

Paulo Rangel foi rápido a caracterizar o atual executivo: “é o que dá com uma mão e tira com outra”. “Dez euros nas pensões, mas atrasa cirurgias essenciais”, reforçou para perguntar: “o que é que se ganha?”. “Se há um idoso que está à espera de uma cirurgia, com mais 10 euros por mês ele não consegue fazê-la em lado nenhum”, explicou, salientando a necessidade de se ter um SNS eficiente.

Alertando os jovens para a “falência do Estado”, disse que “aquilo que está a acontecer é que o governo da esquerda, da esquerda radical (que supostamente era aquele que defenderia o Estado Social) tem uma política de rendimentos ultraliberal, porque corta na Saúde, na Educação, na Proteção Civil”.

Paulo Rangel afirma não ter “qualquer dúvida de que o caos que se viveu nesta época de incêndios tem que ver com os cortes que este Governo faz”. E deu mais exemplos: “é um exército, como vimos em Tancos, que está paralisado. São as Forças Armadas que estão paralisadas. É a Proteção Civil que está descoordenada. É a Saúde, em que aos atrasos se somam atrasos”.

Paulo Rangel destacou que os portugueses estão a assistir “a um desinvestimento brutal nos serviços do Estado”. Lembrou o executivo anterior, dizendo: “por muito que queiram criticar o nosso governo ele, por força da Troika e da bancarrota que nos trouxe o PS, obrigou Portugal a fazer sacrifícios terríveis, mas há uma coisa de que nos podemos orgulhar: os serviços essenciais não entraram em falência, não falharam”. Salientou, uma vez mais, que “com o Governo Costa, os serviços essenciais na Saúde, na Educação, na segurança de pessoas e bens falharam clamorosamente”.

 

Está-se a criar uma ilusão salarial

Assim, para o eurodeputado, é importante que se cumpram as metas orçamentais europeias, mas não “à custa da destruição progressiva dos serviços”. “As perdas que esta desmontagem do Estado origina não são cobertas pelos ganhos que são dados às famílias e às pessoas”.

Defendeu, contudo, o aumento dos rendimentos, mas reforçou que a proposta dos social-democratas era que o mesmo acontecesse de forma gradual. Tal como se veio a concretizar, resultou em sacrifícios que, no entanto, não estão a ser assumidos por PS, BE e PCP.

Está-se a criar uma ilusão salarial” à custa da deterioração dos serviços, denunciou, referindo-se também ao aumento significativo das vítimas nas estradas, “porque a Administração Interna desinvestiu na prevenção rodoviária”. Paulo Rangel afirmou lamentar “que, para cumprir metas europeias e para criar a ilusão do Estado salarial, tenhamos criado condições de deterioração dos nossos serviços que já causaram vítimas”.

 

 

“PSD tem uma verdadeira matriz social”

 O Governo está, então, “a desmontar os pilares do Estado Social” e, para Paulo Rangel, “isto mostra que o PSD tem uma verdadeira matriz social, porque mesmo no auge da crise, quando teve de aplicar os maiores cortes para salvar o País e pô-lo no caminho do crescimento onde agora parece estar, nunca deixou os serviços essenciais irem à falência”.

O eurodeputado esclareceu, assim, que “o Estado Social não é política de rendimentos, não é apenas subir pensões e salários da função pública. É ter um sistema de Saúde a funcionar em condições decentes. É ter Forças Armadas que nos criam um sentimento de confiança, segurança e tranquilidade. É ter forças de Proteção Civil que nos garantam que tragédias, como a de Pedrógão Grande, não ocorrem”.

 

 

Universidade de Verão “está a marcar o debate político


Para o eurodeputado Paulo Rangel, a Universidade de Verão é “o acontecimento político mais relevante no arranque da época política”, a avaliar pela imprensa e pelas redes socias. Considera que esta iniciativa “está a marcar o debate político” e que isso “é sinal de que, apesar de ser organizada há tanto tempo, continua a ser uma fórmula absolutamente moderna”, provando “ter futuro” e trazendo “para a agenda temas e discussões efetivamente decisivos”.

Amanhã, a Universidade de Verão do PSD arranca, pelas 10h00, com o painel “Falar Claro”, a cargo de Carlos Coelho e Rodrigo Moita de Deus. À tarde, os participantes levam a cabo um exercício de simulação de Assembleia, acompanhados por Carlos Coelho e Duarte Marques. Pelas 20h00, o jantar-conferência está a cargo de Miguel Poiares Maduro.