Governo não tem visão de futuro para Portugal

21 ago 2017

 

O atual Executivo tem-se limitado a sobreviver. A denúncia é feita pelos social-democratas que assistem com preocupação ao mais recente anúncio do Governo: alcançar um acordo com o PSD com vista ao investimento em obras públicas. Trata-se, segundo Hugo Soares, de “um regresso ao passado, ao pior do socratismo”. As áreas de soberania e sociais continuam afastadas das prioridades de quem hoje governa, apesar dos alertas do PSD

 

A mais recente entrevista de António Costa confirma o que PSD há muito vem afirmando: o atual governo não tem uma estratégia de desenvolvimento para o País, não tem um projeto de futuro. António Costa limita-se a gerir o dia-a-dia obcecado pela sua sobrevivência política.

Hugo Soares considera que a frase “vivemos cada dia como um dia”, proferida por António Costa em entrevista ao “Expresso”, “carateriza tudo aquilo que vivemos nos últimos dois anos e, infelizmente, anuncia aquilo que teremos nos próximos dois anos: uma lógica exclusiva de sobrevivência política, sem uma visão estratégica, sem uma visão de reforma do País, sem uma ideia para as áreas de soberania, que têm vivido um descalabro, tão pouco uma ideia de reforma das áreas sociais para fazer face ao descontrolo a que estamos a assistir”. Para o líder do grupo parlamentar do PSD, trata-se de “uma lógica de navegação à vista, de pura sobrevivência ao dia-a-dia”.

O social-democrata destaca que “a única ideia nova que o primeiro-ministro traz para o futuro do País é a necessidade de um consenso para grandes obras públicas”. Afirma que o PSD vê “este anúncio com grande preocupação” e que “o País está vacinado contra o anúncio de grandes obras públicas dos governos socialistas”.

Hugo Soares considera que fazer do investimento em obras públicas uma prioridade é “um regresso ao passado, ao pior do socratismo”. Salienta, portanto, que “o País e o PSD sabem bem quanto custou o socratismo”, pelo que não pretendem “voltar a esse tempo”. “A periodização das obras públicas como fator de competitividade do País é algo que deixa o PSD manifestamente preocupado”, insiste.

 

Grandes reformas: “o PSD nunca esteve fora de consensos

O líder do grupo parlamentar classificou a entrevista dada por António Costa ao “Expresso” de “conversa fiada” e relembrou que “o PSD nunca esteve fora de consensos”. Foi o próprio primeiro-ministro que “se colocou fora, desde o início desta legislatura, dos consensos e quis rasgar até aquilo que vinha a ser feito no País”. O líder parlamentar classifica a proposta de consenso lançada ao PSD como “uma espécie de brincadeira de verão” que, nas entrelinhas, permite perceber que o atual Executivo “não tinha mais nada de novo para anunciar”. Explica mesmo que “não há uma ideia de País que perpasse desta entrevista”.

 De acordo com Hugo Soares, “o PSD nunca se negou a sentar com o PS”. “No discurso de rentrée, no Pontal, Pedro Passos Coelho disse que o PSD está disponível para consensos em torno das grandes reformas que são necessárias”, lembra, para logo alertar que o objetivo de António Costa é fazer reformas, “mas as dele e não as dos outros”. Denuncia que “no Parlamento, a geringonça chumba tudo o que o PSD propõe”. Para o social-democrata, “isto não é de quem quer chegar a consensos”.

 

Quadro comunitário: “Governo já chega com atraso a esse debate”

O PSD sabe o quão importante é preparar o próximo quadro comunitário. Neste sentido, esclarece que atual Executivo “já chega com atraso a esse debate que está em curso na Europa há muito tempo” e insiste que “era muito importante que executasse o que estava preparado pelo Governo anterior e que continua por concretizar”. Relembra, assim, que “o dinheiro não está a chegar e qualquer empresário do País confirma isso”. O líder da bancada parlamentar desafia, por isso, o primeiro-ministro a empenhar-se “em executar o atual quadro” de apoios comunitários, pois “os milhões de euros que deviam estar a chegar às empresas, da execução do atual quadro, não estão a chegar por incompetência do Governo”.