Reforma florestal: “estamos num enredo triste”

20 jul 2017

Foi “um dia bastante triste” para o setor florestal, declarou Nuno Serra, deputado do PSD, na medida em que as votações sobre a chamada reforma florestal, que decorreram no Parlamento, demonstraram que “estamos num enredo triste”.

As propostas aprovadas vão, “por um lado, diminuir aquilo que eram as potencialidades e o investimento que havia e, por outro, não conseguem incentivar a criação de bolsas de biodiversidade”, precisamente “o que era a proposta que o PSD tinha e que aliava o rendimento à criação de projetos de conservação”, afirma Nuno Serra.

Para o vice-presidente do grupo parlamentar, “o Governo mostrou que, afinal, não havia consenso parlamentar, isso foi demonstrativo nas votações finais globais durante o plenário”. A inexistência de consenso foi evidente também para com “o setor porque, das 46 audições poucas ou nenhumas se reviam nas propostas” do Executivo. Espera, contudo, que “nas propostas que ainda estão para ser votadas, se possa ainda incentivar um maior rendimento da floresta”.

As propostas aprovadas na Assembleia da República vão “diminuir aquilo que eram as potencialidades e o investimento que havia na floresta”. Nuno Serra enuncia, ainda, que se mantém “a maior perversidade que é incentivar que haja uma deslocalização de fatores económicos do interior para o litoral”.

Sobre a lei da bolsa de terras, Nuno Serra defende ser “muito mais equilibrada e mais justa do que o banco de terras que o Governo propôs e que foi chumbado pelo PCP, PSD e CDS”.

 

PSD propôs “conciliar o rendimento da floresta com a promoção das bolsas de biodiversidade


Os deputados do PSD levaram a plenário “uma proposta de alteração” (ao diploma do Governo sobre o eucalipto) cujo objetivo era “conciliar o rendimento da floresta com a promoção das bolsas de biodiversidade, através de modelos de conservação do ambiente”, afirmou Nuno Serra.

O PSD pretendia que fossem “os produtores florestais a contribuir para esta biodiversidade, sem serem prejudicados naquilo que é o seu rendimento”, explicou. Assim, propôs-se que “quem planta novas áreas de eucalipto constitua também um projeto de conservação a ser definido pelo ICNF”. “Acreditamos que não é a discriminar uma espécie, que combateremos toda aquela que tem sido a falta de prevenção florestal”, acrescentou.

Para o PSD, “votar favoravelmente esta proposta” eliminaria a “perversidade que está subjacente à proposta do Governo que incentiva a deslocalização da floresta de produção do interior do País para o litoral, criando mais assimetrias, mais desertificação, mais abandono da terra”.

Tal como alertou Nuno Serra, a proposta permitiria que todas as espécies fossem plantadas e, por conseguinte, que as populações mantivessem “os seus rendimentos sem abandonar o interior do País e sem desprezar aqueles que, tantas vezes, têm mais dificuldades em zonas menos favorecidas e que merecem uma oportunidade”.