Ano Novo, erros velhos

06 jan 2017

O início de um novo ano é sempre uma altura de balanços e expectativas. É uma época de resoluções, de boas intenções, de recomeçar. Oxalá assim fosse na política nacional, mas a verdade é que para 2017 não podemos esperar nada de muito novo ou muito diferente do que vimos em 2016. O Governo socialista, seguindo a sua boa tradição, empurra com a barriga os problemas, distribui a riqueza que não cria entre as clientelas do PS, do PCP e do BE, e vai tentando convencer todos que a situação está melhor.

Só que os números desmentem a versão da maioria. O crescimento deverá manter-se abaixo do alcançado em 2015 pelo menos até 2019; o investimento público caiu como nunca; o investimento privado, dependente da confiança, não arranca; os pagamentos em atraso aumentam, com as consequências negativas sobre a economia; os serviços públicos estão asfixiados com as cativações, que é como agora se chama aos cortes cegos; os cada vez mais e cada vez mais altos impostos indiretos recaem sobre todos, reduzindo o poder de compra; a dívida pública continua a crescer e os juros aproximam-se perigosamente de níveis insustentáveis.

A fragilidade da economia e das finanças públicas é evidente para todos, os alertas chegam de todos os lados, mas a maioria faz orelhas moucas e continua como se nada fosse. E vão desvalorizando os avisos e ensaiando o discurso de desculpabilização para os seus próprios fracassos, com a conjuntura externa, as convulsões políticas recentes e previsíveis no curto prazo. Até o BCE, a quem se deve única e exclusivamente o facto de ainda não termos voltado a cair no abismo, acabará responsabilizado quando decidir que já nos deu tempo suficiente para fazer o que tem de ser feito, para levar a cabo as reformas que trariam estabilidade e perspetivas de crescimento ao país.

Nada justifica os riscos a que este Governo e esta maioria estão a expor Portugal. Pouco nos importará se a causa imediata dos problemas for interna ou externa, de pouco nos servirá o lamento sobre as injustiças relativas, de que há países que podem tudo e outros que não podem nada. O que faria realmente a diferença seria o Governo e a maioria que o apoia assumirem as suas responsabilidades e prepararem de facto Portugal para um futuro melhor. Por muito que gostasse que este desejo se transformasse em realidade em 2017, já todos percebemos que não será possível. Resta-nos esperar por um futuro melhor lá mais para a frente e que, mais cedo que tarde, haja de facto condições para o preparar. Feliz ano Novo!

 

Maria Luís Albuquerque

Vice-presidente do PSD