Incêndios II: PSD agenda debate político para 29 de junho

22 jun 2017

 

O PSD não está satisfeito com o “esboço de resposta” sobre os incêndios e agendou para a próxima semana um debate parlamentar para suscitar perguntas e refletir sobre anomalias detetadas no terreno. A constituição de uma comissão técnica independente permitirá, por sua vez, perceber “o que é que existiu de verdadeiramente excepcional” no incêndio que afetou Pedrógão Grande.

 

O PSD vai recorrer ao seu agendamento potestativo para marcar um debate sobre o incêndio que causou a morte a 64 pessoas, a decorrer em 29 de junho. Importa, para os social-democratas, debater as questões “que apoquentam, inquietam e intrigam todos os portugueses” e, assim, “dar voz às pessoas”.

A situação que se verificou em Pedrógão Grande “merece um tratamento sério” que “não pode deixar de ser feito em sede parlamentar”, disse Luís Montenegro, justificando que “nenhum de nós pode ser indiferente ao que se passou”. “Não vamos dar respostas no debate”, esclareceu. “Vamos suscitar perguntas e algumas anomalias que nós próprios detetámos”, disse, referindo-se aos deputados que têm estado no terreno a acompanhar a situação.

Não queremos estar a precipitar conclusões, a ultrapassar os meios que estão no terreno, nem a perturbar o luto que envolve muitas famílias”, salientou o líder parlamentar, acrescentando a contradição que se tem evidenciado nos esclarecimentos prestados pelas autoridades competentes.

 

Carlos Abreu Amorim: “respostas têm de ser dadas, para prevenir futuros desacertos”

Carlos Abreu Amorim afirmou, hoje de manhã, que “o PSD não está satisfeito com o esboço de resposta que tem vindo a ser dado pelas entidades competentes”. Acrescenta mesmo que ninguém o deve estar, uma vez que “essas respostas têm vindo sucessivamente a ser alteradas e modificadas para plantarem outras no seu lugar”.

O vice-presidente do grupo parlamentar reforçou que a comissão técnica independente proposta pelo PSD visa que “um conjunto de técnicos faça não uma leitura política, mas que nos diga o que é que existiu de verdadeiramente excecional neste incêndio”. Explicou que o PSD quer que “técnicos especialistas independentes (não apenas político-partidário, mas independentes do Governo, do sistema que existe, neste momento, de prevenção e de combate aos incêndios) possam formular um juízo para algumas respostas concretas, designadamente o que é que falhou”. O social-democrata defende que as “respostas têm de ser dadas, para prevenir futuros desacertos, para acalmar o sofrimento destas pessoas e o espanto do povo português”.

Segundo Carlos Abreu Amorim, e de acordo com respostas dadas na comunicação social, “esta comissão já tem tido algum acolhimento por parte de outros partidos”, nomeadamente “PS, BE e CDS-PP mostraram-se disponíveis”. “Incêndios houve sempre muitos, infelizmente. O que existiu [em Pedrógão Grande] foi uma profusão tão trágica e dramática de mortes e de uma aparência de descoordenação, de falta de liderança e de falhanço global do sistema”, explicou.

Questionado sobre as medidas que se prevêem ser tomadas nos próximos dias na Assembleia da República, Carlos Abreu Amorim reforçou que “o ordenamento da floresta é extremamente importante, devemos evitar erros”. Contudo, é da opinião de que “a pior coisa que podíamos fazer era tentar cavalgar a galope uma reforma que, com certeza, acabará por ser apressada e não ser pensada em todas as suas dimensões”.

O social-democrata acrescentou, por isso, que “o PSD não está contra a reforma. Pelo contrário, participa ativamente nesse debate”. “O que não quer é fechar este processo sem que tenha sido feita a devida reflexão”, afirmou, reforçando duvidar que “uma reforma aprovada em 15 dias seja aquilo de que Portugal e os portugueses precisam”.