Bruno Vitorino: Mudar o Barreiro

19 mai 2017

Vereador da Câmara Municipal do Barreiro, Bruno Vitorino tem um longo historial de obra feita no concelho. Pela sua ligação ao movimento associativo, pelo trabalho desenvolvido junto das instituições sociais, pela renovação da Mata Nacional da Machada, pela ação política na Assembleia da República como deputado eleito por Setúbal.

Agora, dá um passo em frente na luta política pelo Barreiro. E é também para fazer com que o concelho dê um passo em frente que Bruno Vitorino quer ser presidente da Câmara, para mudar o Barreiro.

Para o futuro do concelho traça como objetivo fundamental a implementação de uma política de coesão, social, geracional, territorial. Entre os seus eixos de ação, está a necessidade de fixar empresas e pessoas, limpar e recuperar o espaço público e tornar o Barreiro uma cidade segura e com regras. A estes objetivos junta, também, a melhoria da qualidade de vida do concelho para atrair residentes e para beneficiar do fluxo turístico lisboeta. É que, para o candidato, o Barreiro é “uma cidade com um enorme potencial”. Falta valorizar “a nossa ligação ao rio” e promover a “reabilitação de toda a zona ribeirinha”, bem como do património imobiliário devoluto.

São metas de um candidato que rejeita a marca ideológica do Barreiro e que traça como assinatura da sua ação política o seu trabalho ao longo dos anos em prol da terra que o viu nascer.

 

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[P] Qual o retrato que faz da cidade?

[R] Faço um retrato de uma cidade abandonada, feia, suja, pouco cuidada. Uma cidade que devia valorizar os seus bairros, que devia valorizar as suas freguesias, que devia valorizar as suas pessoas mas que não o faz.

Faço o retrato de uma cidade com um enorme potencial. É uma conversa, aliás, que oiço desde sempre, desde que estou na vida política e já lá vão muitos anos. Nós olhamos para a zona ribeirinha, para a Mata Nacional da Machada e percebemos, de facto, o potencial que a cidade tem. Mas não se pode continuar eternamente a falar de potencial. Tem de se materializar com ações concretas esse mesmo potencial. Essa é a única forma que temos de dar um passo decisivo, um passo importante, rumo a um desenvolvimento que nós queremos para que, naturalmente, permita a fixação de pessoas no Barreiro, a fixação dos filhos da terra, daqueles que cá nascem e não têm, muitas vezes, oportunidades. E não gostam, muitas vezes, da pouca qualidade de vida que a cidade tem e partem para viver noutros concelhos. Ou aqueles que possam vir procurar essas oportunidades no Barreiro. E portanto também é a capacidade de uma cidade de atrair pessoas de fora.

 


"Queremos uma cidade mais segura e com regras"


 

Quais as prioridades da candidatura?

Um autarca, seja em que cidade for, seja em que concelho for, tem de ter uma visão para a sua cidade a médio e longo prazo. Mas tem de ter a capacidade, no imediato, de resolver os problemas com que os cidadãos se deparam. E nós queremos apostar muito numa cidade que não esteja sempre de costas voltadas para o rio, numa cidade que aposte em tornar-se mais atrativa até, por que não, para captar turismo que hoje temos em Lisboa. Para isso temos que ter projetos, uma estratégia clara, para a atração de turistas que venham de Lisboa e possam passar aqui uma tarde ou um dia e serem eles também a ajudar ao desenvolvimento económico local, ao comércio local, às atividades locais. Valorizando principalmente aquilo que é a nossa ligação ao rio e a reabilitação de toda a zona ribeirinha.

Claro que temos de fazer isto com uma estratégia pública, mas com o envolvimento de privados no investimento, também para recuperar as casas abandonadas e devolutas. Temos condições para criar alojamento local de apoio a Lisboa, ou alojamento para os estudantes do programa Erasmus que fogem dos preços altos do centro de Lisboa. Estes podem ter aqui uma base para visitar ou estudar em Lisboa, mas vão passar parte do seu tempo aqui. Estamos a 20 minutos de Lisboa com a travessia fluvial. E estamos a cinco euros de distância. A distância também é feita a este nível. Temos essa proximidade a Lisboa que podemos potenciar também a este nível.

Queremos uma cidade mais segura e com regras. Não podemos continuar a dizer que a responsabilidade das questões da segurança é do poder central. Há questões concretas que as autarquias podem e devem fazer, que estão ao seu alcance. Nomeadamente, a videovigilância, o reforço da rede de guardas-noturnos, a criação da policia municipal, o reforço da iluminação pública, a articulação efetiva com as forças de segurança para termos mais policiamento de proximidade.

Mas também termos uma lógica de proximidade e de cumprimento daquilo que são as regras normais, até de civismo. Há muitas ações de vandalismo que têm destruído o património público, que é de todos. E nós podemos fazer mais na prevenção e combate ao que é o lixo na rua, no chão, os dejetos dos cães, os pseudo-grafitis, que damos uma imagem péssima da cidade porque ninguém limpa, por um lado, mas também ninguém previne o aparecimento de mais riscos nas paredes.

Não podemos continuar a ter um Barreiro velho, que podia ser um ex libris porque tem uma frente ribeirinha, virada para Lisboa, que é de excelência, mas que está completamente degradado ao abandono. O Barreiro velho é que se tem estendido a todos os níveis para o centro do Barreiro. E os problemas que tínhamos, há uns anos, no Barreiro velho, são os problemas que temos hoje no centro da cidade. E isto não é aceitável.

Temos de ter uma política também de regeneração urbana que vise inverter esta tendência e este caminho. E ter ideias e medidas claras para que o Barreiro possa também aqui na regeneração urbana dar um passo no sentido certo e não deixar o seu património histórico e cultural ao abandono, como tem acontecido, desde os moinhos de maré, os moinhos de vento, o património ferroviário que é um reflexo da nossa história. E se nós não honrarmos a nossa história, se não tivermos a nossa memória preservada, também não o potenciamos para o futuro.

Temos também um conjunto de eixos ligados ao desenvolvimento económico, à reconversão e ao acompanhamento de um trabalho notável que a Baía do Tejo tem feito na recuperação do seu edificado, na sua abertura à cidade, mas acima de tudo na sua capacidade para atrair e fixar empresas no Barreiro, porque são as empresas que criam emprego. A Câmara tem de ter aqui uma palavra a dizer naquilo que é o desenvolvimento económico.

Claramente, uma aposta na revitalização do comércio tradicional, das micro, pequenas e médias empresas e uma particular atenção também aos mercados municipais, porque há muito que pode ser feito e eles também podem ser foco de desenvolvimento de todo o comércio das zonas envolventes. E nós temos propostas muito concretas para a sua revitalização, como a criação de um Balcão do Munícipe nos mercados municipais que, numa lógica de proximidade, facilitará a vida ao cidadão barreirense que quer resolver assuntos com a sua Câmara Municipal. E que poderá fazê-lo no âmbito das freguesias que têm mercados municipais, numa lógica de proximidade, num ato único, tipo Balcão Único mas de proximidade. E que ajudará como equipamento âncora a revitalizar, dar mais vida e levar mais pessoas a esses mercados municipais. É uma entre muitas ideias concretas e exequíveis que temos vindo a apresentar e que, com elas, acreditamos que temos um projeto para, por um lado, resolver os problemas do Barreiro no imediato e, por outro, projetar o Barreiro a médio e longo prazo para criar uma cidade mais atrativa e onde apeteça viver. É esse o nosso objetivo.

 

Como vai realizar a coesão no Barreiro?

Todos esses temas estão interligados e não teremos um concelho competitivo se todas as áreas não estiverem interligadas. É isso que queremos fazer: projetar o Barreiro numa lógica onde se perceba que a resolução dos problemas do presente está interligada a uma lógica de potenciar no futuro o nosso concelho. Mas se não cuidarmos do nosso território, do nosso espaço público, se não percebermos os problemas e os desafios que temos hoje, se não percebermos que o grande desafio que temos, para isso, são as pessoas – e temos problemas sociais muito complexos no concelho do Barreiro e temos de ter a capacidade de os resolver… A começar pela habitação.

Os concelhos comunistas são tradicionalmente concelhos em que o problema da habitação condigna para as pessoas não é um problema, eles acham que é um problema do Estado e, portanto, não têm de arranjar solução para esse problema. O PER – Programa Especial de Realojamento aqui foi fechado, há uns anos numa lógica de só resolver, para dizer que fechámos o PER. Não para resolver o problema das pessoas que não têm habitação condigna e que ainda são muitos no concelho do Barreiro, pessoas idosas, pessoas mais desfavorecidas… E nós queremos ter uma política de habitação clara que ajude essas pessoas a ter uma habitação mais condigna.

Nós queremos dar apoio às IPSS. Nós quereremos resolver os problemas das IPSS, porque são estas IPSS que resolver os problemas das pessoas, a começar pela fome.

É importante, do ponto de vista do território, pensarmos o território, pensarmos as pessoas, pensarmos aquelas que, a nível de exclusão social, ainda têm muitos problemas, mas de uma forma que possamos capacitá-las, não numa lógica do apoio, do subsídio ad aeternum.

Não é possível fazer isto se não tivermos uma câmara capaz de ter, no desenvolvimento económico, uma alavanca e um motor para tudo isto. Ou seja, se não tivermos a capacidade de atrair e fixar empresas, de criar com isso emprego, de criar riqueza, de fixar pessoas… Porque são as empresas que também criam riqueza à própria câmara, através das taxas, da valorização e dinamização do próprio mercado de arrendamento mas também pela aquisição da sua casa. É dessa forma que fixamos aqui pessoas. São essas pessoas que depois pagam IMI e, no Barreiro, pagam um IMI muito alto, podia ser mais baixo se tivéssemos mais pessoas a viver no Barreiro.

Temos de inverter essa tendência e tornar o Barreiro uma terra sem preconceito ideológico, amiga do empreendedor, amiga do empresário, amiga das empresas e que, com isso, venha a fixando mais empresas e criar mais emprego.

 


"As pessoas sabem que, se ganhar a Câmara Municipal, é para fazer, é para trabalhar"


 

Qual a marca da candidatura?

As pessoas conhecem o meu trabalho no concelho do Barreiro. Conhecem-me não só pela minha ligação política, mas também pela minha ligação ao Barreiro, ao movimento associativo, às instituições sociais, muito pela obra que tive oportunidade de fazer enquanto vereador. Sou um vereador que faço. Nós temos trabalho concreto para apresentar. Pegámos num espaço como a Mata Nacional da Machada, como o Sapal do Rio Coina, criámos uma reserva natural, criámos o centro de educação ambiental, envolvemos a comunidade em projetos de voluntariado que já envolveram mais de 2500 pessoas… Hoje, este espaço é do Barreiro, é do concelho, que é usufruído pelas pessoas, por esta geração, mas também numa lógica de preservação, para as novas gerações, de sustentabilidade do mesmo território…

Tivemos uma estratégia e fomos desenvolvendo, ao longo dos anos, esta estratégia e pusemos no mapa estes espaços. Isto, com a criação da agência de energia, com o apoio que tenho dado na resolução de problemas concretos do Barreiro, resolvendo problemas que há muito se deparavam na área da saúde e na área da segurança… Com a minha ação também na Assembleia da República, ajudando a fazer uma pressão política e sensibilizando governantes para a resolução de problemas…

As pessoas sabem que, se ganhar a Câmara Municipal, é para fazer, é para trabalhar. E as propostas que vou apresentar, que as quantifico, são propostas concretas, não são propostas vagas. Não são propostas que são válidas em Freixo de Espada à Cinta ou em Vila Real de Santo António, são propostas para o concelho do Barreiro, de quem conhece o concelho, de quem estuda o concelho, de quem dialoga com a população e, conhecendo os problemas das quatro freguesias, quer ajudar efetivamente a resolvê-los. É esse o meu desafio, é esse o meu objetivo e, não só eu, enquanto candidato a presidente, mas ter uma equipa de pessoas que se identificam com a população e que a população se identifica com elas… Uma equipa da sociedade civil, uma equipa capaz. Se for essa a vontade dos barreirenses, escolherem esta equipa, as pessoas vão saber que nós estamos preparados para liderar o Barreiro, para dar futuro efetivamente à nossa terra. Para dar futuro ao Barreiro.