PS abriu “ferida muito delicada e profunda no relacionamento entre partidos”

11 mai 2017

Luís Montenegro denunciou a “visão sectária e totalitária” do Partido Socialista que recusou o nome proposto pelo PSD para o Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações. Reiterou que o cumprimento do défice se deve a medidas extraordinárias e à degradação dos serviços públicos. Desafiou, ainda, o Governo a apresentar à Europa o relatório sobre dívida feito por PS e BE.

O PS recusou, esta quinta-feira, o nome proposto pelo PSD para a presidência do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP). Em declarações à imprensa, Luís Montenegro, presidente do grupo parlamentar, disse estar “chocado” e criticou a “visão sectária e totalitária” dos socialistas.

Esta situação abre uma ferida muito delicada e profunda no relacionamento entre partidos políticos e no relacionamento institucional que gravita à volta da representação política neste Parlamento”, afirmou Luís Montenegro. Desafiou, por isso, “de forma muito séria e solene, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro a ponderar bem a gravidade desta situação”, assim como a encontrar “uma saída para esta ferida que, agora, é aberta”.

De acordo com Luís Montenegro, o PSD fará a sua reflexão sobre a situação e “oportunamente diremos aquilo que se impõe relativamente a processos eleitorais futuros”. Defende que, “neste momento, quem tem de fazer uma reflexão bem mais profunda é o PS e creio que não pode deixar de ser o secretário-geral do PS a fazer essa reflexão”.

 

Cumprimento do défice fez-se à custa da degradação dos serviços públicos

Foi “à custa de receitas extraordinárias” e “sobretudo da degradação dos serviços públicos” que Portugal teve, em 2016, o cumprimento da meta do défice. A acusação foi feita pelo líder parlamentar do PSD que salientou que o crescimento económico, em 2016, “foi inferior ao de 2015”.

Aquilo que acontece hoje no Serviço Nacional de Saúde é bem elucidativo porque vem na sequência de cortes cegos na despesa”, disse o social-democrata, relembrando a greve de médicos e a greve de zelo de enfermeiros que estão a afetar o País. Luís Montenegro defende, por isso, que o Portugal possa “ter um ciclo sólido, uma economia competitiva e finanças públicas verdadeiramente saudáveis”, possíveis em virtude de uma “economia a crescer mais”.

 

PSD desafia Governo a levar relatório sobre a dívida ao Conselho Europeu

No que diz respeito ao relatório sobre a dívida, o qual foi subscrito por PS e BE, o social-democrata disse que “era bom que o primeiro-ministro pudesse suscitar as questões e sugestões desse relatório no próximo Conselho Europeu, como era bom que o ministro das Finanças levasse o assunto ao Ecofin ou ao Eurogrupo”. Justificou dizendo que “teríamos muita curiosidade, em Portugal, de saber se as ideias do BE e do PS têm ou não têm alguma viabilidade no contexto europeu, independentemente da apreciação que nós aqui fazemos”. Luís Montenegro salientou ser importante averiguar se não se trata de uma “fantochada”, pois “os partidos que suportam o Governo têm ideias, defendem-nas e depois são inconsequentes. Parece que é mesmo só para a geringonça ver”.